No final de 2009 havia já 182 485 registados, o segundo maior número europeu
O número de pessoas inscritas no Registo Português de Dadores de Medula Óssea aumentou 28% no último ano e quase triplicou em relação a 2006, quando eram apenas 62 578. No final de 2009 havia já 182 485 inscritos, segundo dados avançados ao DN pelo director do Centro de Histocompatibilidade do Sul, Hélder Trindade.
O responsável admite que as iniciativas de particulares para salvar um familiar doente, como a campanha para encontrar um dador para a pequena Marta, acabam por ter grande impacto, contribuindo para que o Registo Português seja já o segundo maior a nível europeu.
Em 2009, o número de inscritos seguiu a tendência de aumento dos últimos anos e "ultrapassou largamente" as expectativas, o que se reflectiu também no aumento das colheitas de medula, explica o responsável. No ano passado foram feitas 49 e este ano, 55 - das quais 37 para doentes no estrangeiro e 18 para portugueses. No total, foram 47 os doentes que encontraram um dador compatível fora da família, já que outros 29 encontraram alguém compatível nos bancos internacionais.
Mais difícil é saber quantas pessoas precisam de um transplante de medula. "Este ano fizemos 2105 pesquisas para bancos estrangeiros e 357 para unidades nacionais, mas um doente pode fazer vários pedidos ao longo de um ano", explica Hélder Trindade. A maioria dos doentes transplantados tinha leucemia e era adulta.
O responsável reconhece que o número de inscritos aumenta de cada vez que há uma campanha. "Foi nítido que houve picos, pelo menos no Centro de Histocompatibilidade do Sul" - onde se encontra também o Centro Nacional de Dadores de Medula Óssea - devido ao "fenómeno Marta", diz. O número de pessoas a inscreverem-se nos centros cresceu 10 vezes em Abril, e esse efeito sentiu-se nos três meses seguintes. Também um campanha da rede social Twitter para angariar dadores de medula - a "twitt-medula" - ajudou a mobilizar mais pessoas, embora não tivesse o mesmo impacto.
Hélder Trindade explica que o organismo respeita esses apelos, que têm tido bons resultados, mas que tem de usar estratégias diferentes, menos individualizadas, nas suas campanhas. E alerta que seria bom as famílias avisarem os centros para se preparar um resposta adequada.
Para 2010 estão pensadas várias campanhas, que se podem também estender às redes sociais na Internet, revela Hélder Trindade. Um dos principais objectivos é aumentar o número de dadores de minorias étnicas. "Há comunidades que nos preocupam muito, como as de origem africana, porque temos dificuldade em contactá-las e manter esse contacto, já que são populações com muita mobilidade", explica. A comunidade asiática, que está em franco crescimento, é outra das prioridades.
O objectivo final é fazer que as pessoas se dirijam a um centro (ou hospital) onde se possam inscrever, de forma a aumentar a diversidade genética do registo. Hélder Trindade explica como funciona o processo para encontrar um dador compatível: "Primeiro procura-se na família. Se o doente tiver irmãos, por exemplo, cada um tem 25% de hipótese de ser compatível". Quando não tem, pesquisa-se no painel de dadores nacional e depois nos internacionais. "É uma questão de minutos até perceber se existe um dador compatível", diz. A nível mundial estamos muito perto de atingir os 14 milhões de dadores registados, conclui.